quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Aos professores, amigos e praticantes de Yoga



Ontem recebi uma foto por email, enviada por uma amiga praticante de yoga. Esta foto evidenciava um “mito” que assombrava este “mestre” que nela aparecia. Muito se falava sobre abusos sobre algumas alunas por parte deste “mestre”. Em muitos lugares já havia visto discussões, fóruns onde algumas pessoas também relatavam estranhos comportamentos desta pessoa. Mas nunca tinha visto a “prova visual”. Por mais que já tenha ouvido de fontes seguras, pela primeira vez pude constatar o que poderia haver de pior em um “profissional do yoga”.

Uso a palavra profissional, pois esta foto acabou sendo alvo de um grupo humorístico que faz charges aqui no Brasil. Imagina, se um grupo humorístico que não tem nada a ver com o yoga, descobriu esta foto, o quanto ela não deve estar viajando pelo mundo?

Muitas pessoas dizem que não devo me incomodar com este tipo de coisa. Que o único prejudicado na questão é o “profissional” flagrado na foto. Que estamos na kali yuga e então vamos ter que deixar estes fatos acontecerem naturalmente. Mas o fato é que não é bem assim.

Como disse, esta foto caiu na rede de computadores a agora alcança um público que não sabe do que yoga se trata. Qual seria a sua opinião se você se deparasse com uma foto desta que alega que aquilo é yoga? Eu não ficaria confortável sabendo que minha esposa ou filha pratica yoga com uma pessoa que abusa de seu corpo. Pior, eu estaria recebendo a informação de que aquilo é a prática, já que sou leigo. E que talvez devesse achar tudo isto muito normal.

Pois bem, eu não acho normal. E nem agüento mais fechar os olhos para isso. Eu não consigo omitir a minha opinião porque ela também é minha defesa. Sou profissional de yoga e o que ensino não tem nada relacionado a colocar minhas mãos ou outras partes do meu corpo nas genitais de alunas que ali, confiam no meu procedimento.

Hoje já recebi um email de amigos com a tal foto me “parabenizando” pela profissão de abusador de mulheres. Claro, isto é uma brincadeira por parte deles que são leigos no assunto, mas sabem que sou professor de yoga.

Eu não quero ser taxado como esta pessoa que usa do seu nome ou posição para levar vantagem sobre os outros. Eu não quero ser como políticos, que só pelo que são, já são taxados de ladrões ou maus caráteres.

Este não é o único exemplo, existem vários outros por aí, que são seguidos de forma cega. O interessante é que naturalmente o podre vai aparecendo. O triste é que nem assim as pessoas enxergam. Muitas outras histórias vêm à tona, desmascarando falsos mestres, mas ainda não há foto ou pessoas que queiram falar abertamente sobre isso.

Eu resolvi fazer a minha parte porque não tenho sangue de barata, e o mínimo que faço é escrever. Orientar meus amigos e alunos e passar para eles o ensinamento que, com muita ética e respeito me foi passado.

Yoga é dharma. E segunda minha professora, “dharma é aquilo que sustenta algo ou alguém, é o papel de cada um, sua função enquanto indivíduo inserido em vários e diferentes grupos; é também o entendimento e a prática da ética, dos valores universais. Revelar o dharma e inspirar o ser humano a segui-lo é o objetivo dos Vedas e do Yoga.”

Por Bruno Jones

5 comentários:

  1. Um tanto chocante essa foto!
    Agora, a pergunta que nao quer calar - sera que apos o ocorrido essas alunas se levantaram, expressaram indignacao e foram embora, ou sera que permaneceram na aula, e quem sabe ajustadas novamente de forma um tanto invasiva??
    Enfim...

    Namaste!

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  2. Pois é Ursula. Não podemos culpar o profissional em 100% dos casos. Pode ser que as alunas também permitam este tipo de comportamento. Mas, mesmo assim, isso não justifica tal conduta de um professor.
    Obrigado pelo comentário!
    Namastê!

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  3. Não sei qual foi a pedrada maior, se foi ver a notícia de Henri Sobel roubando gravatas em uma loja ou essa foto do Patthabi.
    O que espanta mais ainda é saber que essas pessoas ficaram desfilando como certinhas e moralmente impecáveis. Se fosse o Bukowski na foto seria totalmente coerente, mas o fato é que esse mestre de Yoga, que pratica desde jovem dentro da tradição hindu, não teria feito isso sabendo que estaria sendo registrado. Bukowski é mais mestre do que ele, já que teve a coragem de escrever "Notas de um velho safado"?
    Parabéns pela coragem de postar isso. Mesmo que seja espinhoso, já que daqui a pouco os seguidores vão sair dizendo que isso é o legítimo yoga tântrico, pré-clássico, neolítico ou mais ainda é o original Tantra do Big Bang.
    abraço

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  4. Alguém perguntou pro Pattabhi, ou pro Sharath, o que ele pretendia? Afinal se ele estava querendo se aproveitar das garotas, seria fácil descobrir, conforme a resposta que ele desse.
    Ele pode ter se tornado um velho gaga e tarado, ou, simplesmente para ele colocar a mão "ali", não significa-se nada, e a maldade esteja no observador e não no executor.
    Essa foto não é "prova visual", pois a outra parte precisa ser ouvida, antes de ser incriminada. Princípio básico do direito romano, que você deve conhecer bem, pois em todos os post omite o nome daqueles no qual você critica, esquivando-se assim de um problema jurídico qualquer.
    Afinal, se você resolveu fazer dessa "empreitada" o seu satyavrata, faça-o com real conduta, e procure ouvir a parte citada antes de sair postando comentários cínicos sobre o que você não conhece. Faça bem feito. Boa sorte.
    Rodrigo

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  5. Prezado Rodrigo,

    Obrigado por debater junto conosco assuntos tão delicados.
    Pelo visto, algumas das pessoas também se assustaram com a imagem colocada em um site de humor, e que denigre a nossa imagem de professor de Yoga.
    Como disse no texto, não gostaria de ir buscar a minha filha em uma aula, seja lá do que for, e encontrar o seu "professor" tocando suas partes íntimas.
    E sendo professor de Yoga, sei que este tipo de abordagem é completamente desnecessário.
    Você pode dar uma olhada no seguinte link http://www.yoga.pro.br/artigos/652/2/repensando-o-ashtanga-vinyasa-yoga/12 e ver um texto colocado por uma estrangeira sobre este mesmo tipo de conduta. Aliás o texto que originou toda esta discussão, que você encontrará neste link, também vale muito a pena ser lido.
    Comentei, mais acima, para a Ursula que o problema também pode ser o assédio das alunas. Mas cabe ao professor impor um limite para que não se torne bagunça.
    E acima de tudo, não estou incriminando ninguém. Estou apenas expressando a minha indignação com certas coisas que vejo. Acho que tenho liberdade e conhecimento de causa para isso.
    Um grande abraço!

    Namaste!

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