domingo, 28 de fevereiro de 2010

Enlightenment



Enlightenment, em inglês, significa “iluminação”. No Yoga esse é o objetivo final da prática e que também pode ser compreendido por “libertação”. Mas, por que não colocar o título desse artigo em português como Iluminação ou Libertação? A idéia aqui é refletirmos sobre como o Yoga vem sendo abordado e explorado na atualidade. Parece que cada vez mais há uma necessidade de sofisticar ou modificar aquilo que já está mais do que definido e compilado. Mas, aonde estamos querendo ir ou chegar com tudo isso?

É interessante notar, aqui no Brasil, como as pessoas se sentem mais confortáveis e seguras com aquilo que vem de fora, com o que é importado. Vocês já perceberam quando vem um professor estrangeiro ministrar um curso aqui no Brasil? Nada contra os professores estrangeiros, mas muitas vezes parecem ser mais celebridades do que professores de Yoga. Até mesmo em tempos de crise parece que a indústria que existe por trás do Yoga está cada vez mais forte com as suas novas tendências.

Nesse ano após chegar da Índia me deparei com os novos anúncios de cursos, formatos e linhas de prática que estão sendo lançados. Gostaria que o caro amigo leitor refletisse sobre: qual é o nosso compromisso com a prática quando "compramos" ou "vendemos" essas idéias?

AcroYoga

Uma das frases que descrevia o workshop de AcroYoga era: “Vamos “voar” com a prática de AcroYoga”. Outra: “Mistura a sabedoria do yoga, a compaixão da Massagem Thai e o poder da acrobacia. Essas três linhagens ancestrais compõem uma prática inovadora e divertida que cultiva a confiança e a conexão entre os participantes”.

Aí me pergunto: Vamos “voar” para onde? A prática, justamente, não nos convida a cultivar as nossas ações no presente com o pé no chão? Se é uma prática inovadora por que se apropriar do conceito Yoga se ela mistura com tantas outras práticas? Por que, então, não nomeá-la AcroThai? Talvez, por que assim os criadores dessa prática perderiam o seu principal público alvo: pessoas que são leigas sobre a prática ou aquelas que adoram estar na última moda do Yoga. Além disso, é colocado que é uma prática divertida. Lembrando, que a palavra divertir no dicionário Dicionário Houaiss significa: desviar, distrair a atenção, fazer esquecer.

Se você ainda não conhece o AcroYoga dê uma navegada no YouTube (www.youtube.com) e veja do que se trata essa prática. É muito interessante ver um círculo de pessoas admirando os artistas em suas performances. Flashes, aplausos e muita admiração.

Coaching Profissional

Veja esta outra pérola: “Descrição do propósito do curso: profunda investigação da relação de cada participante com o dinheiro; crenças limitantes, identificação de obstáculos ao desenvolvimento de uma carreira sólida e próspera; técnicas de superação dos obstáculos; reflexão e desenvolvimento de novas possibilidades de atuação para o professor de Yoga; noções de marketing e marketing pessoal; desenvolvimento de um projeto pessoal para maximizar a atuação profissional”.

“A quem se destina: ao professor de Yoga e ao terapeuta que decidiu repensar a forma de conduzir sua atuação, ampliar suas possibilidades profissionais e gerar mais reconhecimento e prosperidade, sempre respeitando os valores éticos do Yoga”.

Parece existir, agora, uma necessidade dos professores de Yoga serem grandes marketeiros, saberem vender o seu peixe. Será que um curso como esse é realmente importante para um professor de Yoga? Será que uma pessoa que estuda, que pratica, faz cursos, naturalmente, não terá o fruto do seu esforço reconhecido?

Se tivesse ouvido esse termo Coaching Profissional num outro contexto, provavelmente, imaginaria tratar-se de uma matéria da revista Pequenas empresas & Grandes negócios ou algum tipo de MBA (Master Business Administration).

Certificate

Você já ouviu falar no tal do “Certificate”? Se você não tem um desses está arriscado a ficar fora de um curso, de um grupo ou até mesmo de um local para trabalhar. O Certificate parece estar virando sinônimo de status. É possível ver isso bem claro em algumas linhas de prática de Hatha Yoga tanto no Brasil quanto no exterior.

Concordo, que as pessoas devem se aprofundar na prática e nos estudos fazendo workshops, cursos, formações, viagens como forma de aprimorar o seu conhecimento em Yoga. Contudo, parece que o foco é outro. A cultura do Certificate está voltada praticamente para as técnicas de ásanas (posturas).

Esse novo modelo está alimentando uma nova indústria, a indústrias dos experts em ásanas! Não sei ao certo, se há um egocentrismo por parte dos autores de determinadas linhas de práticas para que elas não sofram alterações, que não sejam adulteradas. Mas, será que é realmente possível perpetuar uma prática sem que ela se modifique ou se adapte ao longo dos tempos? Será que ela deveria ser posse de alguém?

Até aonde eu entendo o Yoga é transformação assim como a vida. Portanto, para que essa necessidade de criar tantas regras, o jeito certo e o jeito errado de se praticar? Será que isso não está limitando e fechando a possibilidade das pessoas experimentarem o que o Yoga tem a oferecer? Sempre haverá ensinamentos diferentes para necessidades diferentes! Se pensarmos que esses pedaços de papel estarão garantindo algo para o futuro corremos o risco de limitarmos cada vez mais a prática.

Liquid Ásana

Descrição do evento: "A dança fluida do Vinyasa Yoga Flow... uma espécie de ritual urbano, que catalisa e aprofunda o fluxo de Prana Shakti... e a energia vibrante e sensual que existe em todos nós como potencial criativo".

Alguém já parou para pensar o significado da palavra ásana? Ásana significa assento, lugar para sentar. Na definição de Patañjali encontramos um outro significado para ásana, como sendo uma postura firme e confortável.

Você já imaginou como deve ser um assento ou executar uma postura líquida? Interessante é notar a sofisticação das palavras para definir esse novo conceito de prática. Será que, realmente, foi possível compreender a proposta da prática

Mais um novo nome...

Preparem-se para mais um novo estilo de prática, o Power Vinyasa Yoga Flow. Se mais para frente vocês ouvirem que alguém está praticando o Mega Super Extra Ultra Plus Power Soft Vinyasa Yoga Flow não se assustem. Fui eu que inventei essa prática!

É impressionante como existe a necessidade de sempre ser reinventado um nome para a mesma velha prática de Hatha Yoga. Por que existe essa necessidade de preenchimento? O que limita uma prática para que novos nomes surjam?

Parece que a necessidade de sentir sthira (firmeza) e sukham (conforto) está mais no nome do que na prática em si.

Concluindo, acho que deveria existir mais responsabilidade dos veículos que estão divulgando o Yoga, como: organizadores, professores, livros, revistas, sites, espaços, etc, pois as pessoas que são leigas no assunto merecem saber ao certo do que se trata essa tradição milenar. Tem muita gente do meio do Yoga contribuindo para uma descaracterização e simplificação do Yoga. Lamentável!

Fora isso, existe uma indústria que fomenta ainda mais o consumo de produtos, tendências, comportamentos, a última moda do Yoga como se fosse um “fast-food espiritual”. A linha é tênue como o fio de uma navalha. Se não nos dermos conta estaremos cada vez mais suscetíveis a nos identificarmos com aquilo que o Yoga não é e nos sujeitando a viver na normose (“doença de ser normal numa sociedade medíocre” - definição do prof. Hermógenes).

Sabemos que o Yoga não é fixo e como toda tradição é natural que ela se adapte. Na minha opinião, essas adaptações deveriam obedecer os princípios básicos do Ashtanga Yoga (Yoga de Patañjali). Mas, que tipo de adaptações ou rigidez são essas encontradas hoje em dia?

O Yoga não deveria ser compreendido como sendo uma técnica ou um método. Isso é limitar demais a prática!

Deveríamos nos recordar que o Yoga começa pelos Yamas e Niyamas, os alicerces do Yoga. Se isso não estiver bem claro poderemos estar praticando e vendo o Yoga com a motivação equivocada. Por isso, a importância do estudo. A prática sem o conhecimento, assim como o conhecimento sem a prática não vale muita coisa!

Não importa o que leva uma pessoa a praticar Yoga. Algumas já têm o objetivo bem claro, outras não. Com o tempo é natural que ela se dê conta do que o Yoga representa e isso é transformador. Contudo, alguns veículos responsáveis não estão contribuindo para que isso aconteça. Dessa forma, o Yoga será vítima cada vez mais de conceitos e abordagens sem o menor sentido.

É importante lembrar que o Yoga serve para recordar, despertar o que já somos. Serve como meio de compreensão de qual é o nosso papel nesta vida. Yoga é meio e fim ao mesmo tempo. Yoga é consciência! Yoga é o processo de transformarmos o nosso avidyá (ignorância) em consciência divina. Yoga nada mais é do que uma forma de viver e de agir.

E aí eu volto a pergunta do início do artigo: qual é o nosso compromisso com a prática quando "compramos" ou "vendemos" essas idéias?

Om

Texto de Vicente Morisson

21 comentários:

  1. Olá Vicente,
    Coaching é Coaching, não Yoga. Mas posso aproveitar a oportunidade para trazer mais luz sobre o assunto, afinal espalhar o conhecimento é sempre interessante e positivo.
    Em profissões como as de Terapeutas ou Profs de Yoga, falar de marketing pessoal é bastante delicado, porque estamos vendendo nossa própria competência e não um objeto. O que notei é que vários terapeutas levam muitos anos para conseguir sua independência financeira, e não porque não fazem bons cursos, workshops etc, mas porque não foram orientados sobre como fazer com que seu conhecimento se materialize no melhor trabalho e em como divulgar corretamente esse trabalho. Eu percebi que professores de Yoga têm dificuldades muito semelhantes às dos Terapeutas quando se trata da peculiar relação com o dinheiro. Sendo o Coaching é um processo criativo que instiga a reflexão e inspira a maximizar o potencial pessoal e profissional, o grupo de Coaching se formou para harmonizar todas as áreas da vida e apoiar os participantes na realização de suas metas, sonhos, investigação do propósito de vida etc. Porém TODOS os professores de Yoga e Terapeutas presentes no grupo estavam com problemas na área do dinheiro.
    Então nosso foco foi esse. Um "B A BÁ " de marketing pessoal fez-se necessário e, pelos feedbacks, contribuiu para harmonizar este setor na vida dos presentes no grupo. O marketing pessoal (que não é diferente do que um Blog faz para o blogueiro, por exemplo),ensina que não basta você ser competente, tem de parecer competente. Muitas pessoas competentes morreram sem sucesso ou reconhecimento. Sendo assim, um trabalho fundamental é você saber como é a realidade da vida e embora nossa dimensão espiritual seja relevante, o mundo físico não é menos relevante que o espiritual, sendo assim é importante sermos bem-sucedidos em ambos. Opiniões não mudam jogo e imaginar que ser competente tecnicamente é suficiente para ser bem-sucedido é uma ingenuidade. Muitos artistas, escritores, atletas e profissionais de todas as áreas não vão para lugar algum simplesmente porque não sabem como vender seus talentos.
    Tem uma historinha que ilustra esta situação:

    Um homem chegou no circo procurando emprego. O dono do circo perguntou:

    - O que você sabe fazer?

    - Sei imitar passarinho - ele respondeu.

    - Ah passarinho não, já tenho muita gente aqui que imita passarinho - disse o dono do circo

    O homem então se despediu.. e saiu voando pela janela...

    Se alguém não souber mostrar o que faz da forma correta, o resultado é que seu trabalho ficará escondido do público e do mercado. Qual o valor que há nisso? Talvez a iluminação do sujeito e a sorte de alguns privilegiados que puderam chegar até sua caverna?

    Mesmo sem ser Católica, há uma fala de Jesus que diz: “Vocês são a luz do mundo, de que serve uma lâmpada colocada no baixo? Nada ilumina e para nada serve”.

    Portanto, cuidar de seu marketing pessoal é apenas uma forma de cuidar da sua imagem profissional e não têm nada contra a postura de um bom professor de Yoga. E se me permite me estender um pouco mais, deixo a sugestão: se quiser ampliar o conhecimento intelectual de seus alunos e leitores e auxiliá-los a desenvolverem um olhar crítico e inteligente, seria melhor não iniciar um texto ja expressando sua opinião sobre o que vai ser lido (seja ela positiva ou negativa, pois este tipo de colocação antes da leitura induz o leitor a concordar com o que o autor pensa e não estimula o senso crítico do leitor, condição fundamental para que este torne-se cada vez mais um livre-pensador , com a autonomia necessária para fazer suas escolhas de forma livre, consciente e responsável). Então, ao invés de dizer "Vejam esta outra pérola", diga apenas "vejam este texto abaixo". Depois você dá a sua opinião.

    Espero ter ajudado. Namastê

    Lilly Hastings

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  2. Continuando e para concluir:

    Aproveito ainda o espaço, por exemplo, para mostrar que eu fiquei com uma dúvida.

    Após ler tantas críticas e sentenças sobre outros estilos de Yoga nesse Blog, você dá sua opinião sobre os "Certificates" dizendo:

    "Até aonde eu entendo o Yoga é transformação assim como a vida. Portanto, para que essa necessidade de criar tantas regras, o jeito certo e o jeito errado de se praticar? Será que isso não está limitando e fechando a possibilidade das pessoas experimentarem o que o Yoga tem a oferecer? Sempre haverá ensinamentos diferentes para necessidades diferentes!"



    Namastê,

    Lilly Hastings

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  3. Oi Lily! Respondendo o seu primeiro comentário: Sim, Coaching é Coaching! Não tenho nada contra ao Coaching Profissional, mas quando direcionado ao público de terapeutas e principalmente aos instrutores de Yoga o quadro muda um pouco de aspecto. Como você bem colocou esse assunto de marketing pessoal é bastante delicado. As suas motivações para propor um curso desses quase me convenceram. A historinha, as frases são muito boas e vem bem a calhar para quem deseja preencher essa carência profissional e obter uma carreira próspera e sólida. Qualquer pessoa que pesquisar sobre Coaching Profissional irá saber qual é a proposta desse processo e como é abordado determinado assunto. Pode ter certeza que é muito atrativo e certamente tem muita gente no meio do Yoga que está engordando a conta bancária justamente porque sabe desenvolver muito bem o seu marketing pessoal. Contudo, me parece um tanto incoerente aos valores do Yoga, já que o Yoga não trilha por essas ambições. Não tenho nada contra o conforto material, mas a nossa felicidade ou sentimento de preenchimento não deveriam estar pautados na nossa conta bancária, sucesso, objetos adquiridos ou reconhecimento. A questão abordada aqui é a forma proposta para alcançar certos objetivos. Isso é Yoga? Om.

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  4. Oi Lily! Respondendo o seu segundo comentário: Talvez, não tenha me expressado muito bem. Entenda ensinamentos como comandos. Vejo professores de determinadas linhas de prática descrevendo as posturas (ásanas) como se elas não permitissem variações. Muitas vezes, é ensinado até mesmo a forma de como se deve dirigir as palavras. Por exemplo, uma pessoa que tem os joelhos com característica varo e outra valgo imagina-se que necessitariam instruções diferentes, mas na prática não é isso que acontece. A minha crítica é em relação a essa padronização e para que realmente as pessoas estão atrás de um Certificado? Um pedaço de papel não dá garantia de nada. O mais importante numa sala de aula é que o professor saiba o que é o Yoga e Yoga não é ásana.

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  5. Oi Vicente,

    Não posso agora me estender muito e não tenho a menor intenção de "con-vencer" você, só quis me posicionar para que as pessoas que estão lendo este polêmico blog possam ter um ponto de reflexão e também para ampliar seus conhecimentos pois senti que você não conhece realmente o que é o processo de coaching.

    É preciso ser bem fiel às palavras usadas. Veja que você me responde:


    "Contudo, me parece um tanto incoerente aos valores do Yoga, já que o Yoga não trilha por essas ambições".


    Um dos obstáculos ao progresso no Yoga que está no Yoga Sutra é a falta de privacidade. Quem não tem condições financeiras para ter um canto quieto para praticar, para dormir em paz, para sentar e fazer seus pranayamas já tem um obstáculo à sua frente.

    Ter mais dinheiro não significa ter "um sofá mais fofinho", para muita gente significa poder ir a índia estudar, poder fazer mais cursos, poder viajar para outros lugares também e ampliar sua visão de mundo e sua cultura, poder pagar uma escola particular para os filhos; poder ter plano de saúde, poder ir aos finais de semana para praia, poder trocar de yoga mat quando ele estiver esfarelado muito,poder comprar comida orgânica e integral e não a que a maioria dos brasileiros infelizmente compra, a base de arroz branco e bolacha recheada de químicas, etc.

    Você estudou em escola pública ou particular? Você vai ao SUS quando fica doente? E se você entendeu a resposta do David Lurey, estudou inglês também. Normalmente é bem fácil para pessoas que tem um bom padrão de vida falarem que a felicidade ou os valores do Yoga não tem nada a ver com o dinheiro. A última vez que encontrei com você e Pedro,em sue escola, vocês ficaram de me passar umas músicas para o evento da Yogini, e simplesmente me falaram: "traz o seu IPOD que já passamos tudo para você". Só que na época eu nem tinha um Ipod, porque custava caro para mim...mas acho que, certas coisas para você talvez sejam bem feijão com arroz, enquanto que para outros professores significam o fruto de anos de trabalho..

    Você continua:

    "Não tenho nada contra o conforto material, mas a nossa felicidade ou sentimento de preenchimento não deveriam estar pautados na nossa conta bancária, sucesso, objetos adquiridos ou reconhecimento. A questão abordada aqui é a forma proposta para alcançar certos objetivos. Isso é Yoga? Om"


    Onde no texto está escrito que devemos criar uma carreira sólida e próspera porque nossa felicidade está pautada na nossa conta bancária, sucesso, objetos adquiridos ou reconhecimento?

    Qual é exatamente a "forma proposta para se alcançar certos objetivos" que você acha incoerente com os valores do Yoga? Para se criticar realmente alguma coisa, devemos conhecê-la a fundo primeiro.

    Paz e Luz

    ^Se você quiser, venha conversar com a gente em nosso próximo grupo de coaching para nos ensinar como ser um professor bom o suficiente para atrair sem marketing nenhum seus alunos, em número suficiente para poder ter uma linda escola ao lado da Av. Faria Lima e ainda poder descer todos os finais de semana para praia, que suponho não seja a praia grande mas sim alguma praia mais legal, tranquila e não poluída, o que, no mundo em que eu vivo, custa dinheiro, seu ou de alguém mais.

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  6. Oi Lily! Respondendo o seu segundo comentário: Sim, é inevitável que possa haver algumas modificações na prática de Yoga, mas desde que não seja descaracterizado, simplificado ou que seja para atender ao mercado consumidor interessado na última moda do Yoga.

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  7. Oi Vicente,
    I am soon going to share a more detailed response to your blog post outlining many points to offer you, but I have an AcroYoga workshop tomorrow (Sabado e Domingo 17/18) at YogaFlow.
    I am inviting you as my guest to participate in the class and see for yourself if it is Yoga or not? And to discuss who or why we need to define what is Yoga, and what is not... there are many things to discuss, but I hope you may try it first. You are more then welcome as my guest... and even bring a friend.
    Namaste,
    David Lurey

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  8. Eu acho que nao podemos, de forma alguma, ficar apontando o dedo se agir de um jeito ou de outro, como ir p praia bacana, ou ter um Ipod. O ponto desse texto e do blog, pelo que entendo, é abrir um espaço onde as pessoas possam discutir um pouco sobre o que esta acontecendo com o Yoga, nao so aqui no Brasil, mas no mundo. Temos que levar em conta também, que todos nos aqui, somos limitados tanto na compreensão completa do Yoga quando na execução. Mas quem tem acesso ao estudo com professores que tem essa correta compreensão e começa a ter um pouco de discernimento entre as coisas, sabe muito bem que muitos dos Yogas citados no texto do Vicce, sao Hatha Yoga "floridos". Nao que tenha alguma coisa de mal nisso, mas o que foi colocado é ate que ponto essa "floração" nao torna a tradição do Yoga em banalizarão, em apenas asanas.
    Para quem ja estudou o basico do Yoga sabe que o asana é usado apenas para manter o corpo saudável, para se conseguir sentar em meditação. Logico, no Ocidente, nao temos a cultura de apreciar o silencio, a nossa cultura é de fazer... somos viciados em fazer, ter e esquecemos de ser. E é isso que o Yoga trabalha, voce se lembrar que voce é! Em uma entrevista, perguntei ao David Frawley o que era Yoga... e ele me respondeu o seguinte:
    Existem dois tipos de Yoga, o Yoga tradicional e o Yoga moderno: O Yoga tradicional é moksha, liberdade do sofrimento, do condicionamento, meditação com base no conhecimento, se conectar com a parte mais divina que voce é. O Yoga moderno é basicamente asanas, um pouco de pranayana, alguns mantras bacanas. É muito simples, mas so damos valor as coisas que sao complicadas, difíceis de serem alcançada.
    Cada pessoa passa por um processo de amadurecimento e nesse processo, se bem feito e orientado, te leva do Yoga moderno ao Yoga tradicional, que de fato é o Yoga dos grandes sabios. E nao ficar colocando Yoga disso ou daquilo... Yoga é yoga. Voce surfando pode praticar yoga, trabalhando num banco e praticar Yoga, comprando um Ipod e praticar yoga, estar em um ashram praticando Yoga, passando as ferias em em iate em Ibiza e praticando yoga. Yoga é para SER praticado, entendido, independente se tem tudo (nao importa por que motivo) ou se nao tem nada. A felicidade nao depende disso e o sofrimento surge quando tem uma identificaçao com isso. O Yoga te traz uma independência e nao uma dependência.
    Ate acho engraçado quando alguem pergunta: "Quantas vezes voce pratica yoga?" e a pessoa responde "Terças e quintas, as 19:30, com o professor tal!" Se me perguntam isso sou obrigada a responder "Estou praticando nesse momento, o tempo todo...". Na sala de aula, o professor me clareia com o conhecimento, com coisas que normalmente nao perceberia sozinha, mas quem fez o "trabalho" fui eu... o treinamento é na vida e nao na sala de aula.

    Se as pessoas que praticam qualquer tipo de yoga conseguissem sentir isso, entao, se torna Yoga na sua forma mais pura. Mas o fato é que, grande parte das pessoas que praticam yoga hoje, sentem apenas um bem estar momentâneo, quando voltam para vida, voltam para a confusão. Dai nao adianta de nada, é como enxugar gelo.
    Para se ter o real beneficio do yoga requer tapas, muita disciplina, desapego inclusive do que se acredita ser o yoga, e muita, mas muita certeza de se manter no dharma. Saber quem é voce, o que tem que ser feito e faze-lo!
    Vamos concordar, isso nao é para todos, pois nem todos estão maduros o suficiente para entender isso.

    Namaste! ( no real sentido da palavra)

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  9. Obrigado Rê pelas palavras! A idéia desse texto não era apontar o dedo na cara de ninguém. Não é nada pessoal. O que está sendo exposto aqui são essas últimas novidades do Yoga que não parecem ter fim. Da mesma forma que certas divulgações chegam para mim tenho o direito de questioná-las. Para montar esse artigo foi necessário expor as palavras exatamente como foram colocadas para não perder a sua veracidade e não as pessoas ou meios envolvidos. Não sou o dono da veradade, mas a proposta desse blog é justamente o debate, o questionamento. Om.

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  10. Vicce, nao estava me referendo a voce quando disse "apontar o dedo". E concordo que nada disso é pessoal pois o Yoga nao é de ninguém, é um conhecimento publico, e acho que o propósito desse blog é exatamente isso, questionar quem fica se apropriando indevidamente e erroneamente dele.
    Acho muito bem montado seu texto e pesquisado pois você nao tirou isso da sua cabeça simplesmente... continuem fazendo isso!! Vai ser de grande crescimento para todos que tiverem acesso.
    BjOMMM - Nao precisa publicar, ta?? :))))

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  11. Exatamente! A idéia desse texto não é ficar apontando o dedo na cara de ninguém. Não é nada pessoal. O que está sendo exposto aqui são essas últimas novidades do Yoga que não parecem ter fim. Da mesma forma que certas divulgações chegam para mim tenho o direito de questioná-las. Para montar esse artigo foi necessário expor as palavras exatamente como foram colocadas para não perder a sua veracidade e não as pessoas ou os meios envolvidos. Não sou o dono da veradade, mas a proposta desse blog é justamente o debate, o questionamento. Om.

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  12. "O marketing pessoal (que não é diferente do que um Blog faz para o blogueiro, por exemplo),ensina que não basta você ser competente, tem de parecer competente."
    Achei importante a participação da Lilly.

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  13. Vicente,
    parabéns pelo seu texto e pela enorme polêmica que ele suscitou!!! Sem querer me estender muito, gostaria apenas de fazer um comentário de praticante recente de yoga... Concordo em gênero, nº e grau com vc q a "invenção" de novas práticas de yoga - Acro Yoga, Yoga Flow, Yoga Gravitacional e todas essas denominações moderno ocidentais - não facilitam em nada que um praticante inicial adquira uma compreensão sobre o genuíno objetivo do yoga, que é o entendimento acerca da nossa existência livre de limitação. O que nós aqui no Ocidente não conseguimos "digerir" é que esse conhecimento firme, claro não é adquirido só por meio de uma prática física... Venhamos e convenhamos... Mesmo que o praticante tenha limitações físicas, não seja lá muito flexível, a prática física é a parte mais fácil dentro do Yoga!!! Agora, se debruçar sobre o ensinamento, o estudo de Vedanta; escutar, refletir, questionar sobre esse ensinamento requer tempo, dedicação, esforço. Trabalho!!! Muito trabalho - no sentido mais pleno e árduo da palavra!!! E mesmo pra quem escuta e entende o ensinamento, o conhecimento não está garantido! Agora, quem no nosso mundo imediatista e consumista quer arriscar perder seu investimento e não receber nada em troca o mais rápido possível????
    Vamos continuar ouvindo, questionando e refletindo... Sempre!!!
    Parabéns mais uma vez e obrigada pelas reflexões,
    Adriana

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  14. Caro, anônimo! Hari Om!
    Agradeço a participação de todos os leitores, mas discordo quando você coloca que esse blog possa ser considerado um instrumento de marketing pessoal. Sinceramente, tenho mais o que fazer do que ficar me promovendo ou “parecer” competente através dessa ferrameta. A idéia aqui é unicamente discutir o Yoga. Somente isto! Om

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  15. Oi Adriana! Hari Om!
    Obrigado, pela sua colocação! Ao meu ver, muito pertinente com a proposta do blog, como você mesmo apontou “ouvir, questionar e refletir... Sempre!”. Neste momento estou na Índia e é interessante notar como essas “invenções” aqui não fazem o menor sentido. Cabe lembrar aos leitores, que o meu grande amigo Bruno Jones é o responsável por alimentar esse blog, já que por motivos profissionais tive que me afastar. Que possamos através desse veículo estar nos aprofundando mais sobre essa tradição que é o Yoga. Om

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  16. Olá Vicente, Namaste.
    Bem, já que incluiram o Yoga Gravitacional como sendo "não Yoga", acho pertinente aqui colocar apenas uma observação: Não me lembro de tê-lo visto em alguma aula minha. Sendo assim, baseado em que o julgamento foi feito.
    Um abraço,
    Pedro

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  17. Namaste Vicente,
    Apesar de ter "descoberto" este blog há pouco tempo, acho que ainda dá tempo de comentar sobre alguns "comentários" nele inclusos, como no caso da leitora Adriana. Como ela mesmo disse, a prática dos ásanas pode até ser o mais fácil dentro do Ashtanga Sadhana codificado por Patanjali. Falar sobre Vedanta, Sanscrito e etc então... Será que pode existir algo mais fácil do que adiquirir teoria? Agora quero ver é colocar em prática tudo o que aprendeu. Pra começo de conversa, se todos seguissem os fundamentos do Yoga na sua plenitude, todos seriam mendigos não é mesmo? Então, vamos parar com essas viagens para Índia pois mendigo não viaja de avião. Vamos parar com esses workshops ao redor do mundo pois estão queimando muito carbono e, óbviamente, colaborando para o aquecimento global. Yoga é moksha, se libertar da ilusão do maya, viver na simplicidade no lugar aonde nasceu. Chega de hipocrisia, de sentar em cima do rabo e ficar criticando quem realmente quer fazer o Yoga se perpetuar. Se temos o poder do budhi, qual é o problema de usá-lo para criar ferramentas que possam auxiliar na prática física (chega a parecer egoísmo). Qual é o problema de aliar a tecnologia do mundo moderno com a prática ancestral? E o Iyengar com seus props? Vamos além, e o Yoga Kuruntha? E o mais interesante é que não vi nenhuma crítica sobre os métodos do Gustavo Ponce ou seria melhor não cutucar a onça com vara curta? Vocês estão muito presos à própria tradição, libertem-se, deixem as pessoas trabalharem ou façam melhor. Lembrem-se de que a prática começa com Yamas (ética) e, julgar sem ao menos conhecer do que estão falando (Yoga Gravitacional no meu caso, pois não lembro de tê-los visto em alguma aula minha) é a mais profunda falta de respeito para com o próximo. E pra terminar, esqueceram também de que a própria escola deixa bem claro de que é o Yoga que se adapta a você? De que vai chegar um dia em que você vai criar o seu próprio método, sistematizar o seu próprio Yoga?
    É isso, moksha.
    Namaste

    Pedro

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  18. Sribhagavanuvaca:

    Imam vivasvate yoga proktavanahamavyayam.
    Vivasvanmanave praha manu iksvakavebravit (1)

    Eu sou aquele quem ensinou este Yoga imutavel à Visvavat (Sol).
    Visvavat ensinou a Manu (primeiro homem), e Manu a Iksvaku (primeiro rei da dinastia solar).

    Evam paramparapraptamimam rajarsayo viduh.
    Sa kaleneha mahata yogo nastah paramtapa. (2)

    Desta maneira, os reis e os rsis conheciam este Yoga, adquirido em ordem sucessiva de mestre-discípulo.
    Este se perdeu por muito tempo aqui neste mundo, ó destruídor dos inimigos!

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  19. Não é uma citação muito distante dos grupos radicais evangélicos. É?

    Marcelo

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  20. Foi muito interessante poder reler esse texto escrito após muito tempo. Certamente, hoje, escreveria ele de uma outra forma. Talvez, deixando de citar os nomes desses novos modelos de prática, que por sinal não pararam de crescer, pois isso acabou expondo algumas pessoas e esse não era o objetivo do artigo. A idéia aqui era abordar os novos rumos que o Yoga vem tomando, principalmente, aqueles oriundos da terra do tio Sam. Quanto a esse questionamento continuo não alterando uma virgula sequer do que escrevi. A proposta aqui é refletirmos sobre aquilo que estamos ensinando ou escolhendo como prática de Yoga. Se não estiver dentro de uma tradição, me desculpem, mas não tem como ser Yoga. Lembrando que a tradição só é possível através da relação sucessiva de ensino entre professor e aluno. Essa transmissão ainda continua a ser feita oralmente.



    Como aluno, professor e organizador de cursos vejo claramente uma grande falta de interesse dos praticantes em relação ao estudo. Sem estudo a prática não funciona e vice-versa. A única forma de suprirmos a nossa ignorância em relação as coisas e a nós mesmos é através do conhecimento. Não existe outra forma! Não é possível obter moksha através da realização de alguma ação, pois toda ação é limitada em si. Percebo de uma forma geral é que a maioria está querendo “alcançar” o objetivo final do Yoga ou nem isso através de algum tipo de experiência. Isso só causa mais confusão e conflito em relação ao que a prática representa, já que yoga é meio e fim ao mesmo tempo. Cada vez práticas mais simplificadas ou descritas de uma forma sugestiva para atender uma necessidade de consumo. Muitos estão oferecendo aquilo que o leigo quer e outros estão consumindo aquilo que o mercado quer oferecer. O que acontece com o Yoga? Tire as suas próprias conclusões.



    Por fim, depois de reler os comentários me deparei com as resposta do professor Pedro Goulart que não havia lido até o presente momento. Poxa, Pedro, fiquei um tanto espantado com a forma como se dirigiu pessoalmente a mim, mas depois percebi que vc se confundiu com a resposta de uma outra pessoa. Em nenhum momento me dirigi ao Yoga Gravitacional do qual vc é o criador. Contudo, se a sua prática como qualquer outra se encaixa na abordagem do artigo faço do comentário feito as minhas palavras. Talvez, não esteja lembrado, mas já tive a oportunidade de ver um pouco da sua aula, dos materiais que vc utiliza em aula (tinha até raio lazer por sinal) e fazer algumas posturas junto com vc. Essa sala de aula era num lugar aberto ao lado de uma recepção. Vc se lembra? É importante lembrarmos do perigo que é “perpetuar” o Yoga através daqueles que se julgam auto-didata ou de um professor que não faça parte da tradição. As escrituras já apontam para esse perigo. Podemos cair no risco de achar que para seguirmos os fundamentos do Yoga temos que nos tornar mendigos e nos desvencilharmos de qualquer bem material que possuímos. Realmente, isso prova que a pessoa não compreendeu certos conceitos que são fundamentais no caminho prática. E precisamos parar com essa idéia que não podemos julgar. Graças ao julgamento fazemos as nossas escolhas diárias. Se as nossas escolhas estiverem pautadas no conhecimento melhor ainda, pois faremos as escolhas mais adequadas. Por fim, sem entrar em qualquer âmbito pessoal e fugir do tema fica aqui a pergunta melhorada: qual é o nosso verdadeiro compromisso com a prática de Yoga? Om

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