terça-feira, 28 de outubro de 2014

Yoga e performance



Este artigo foi inspirado em algo que ouvi de um outro praticante de Yoga, que me criticou, ao comparar os riscos de lesão que posso ter na prática do triathlon, para poder justificar as lesões que aquele praticante tinha na sua rotina de āsanas.

Muitos praticantes e professores confundem Esporte com Yoga. Enquanto um, tem como objetivo o bem estar, saude e performance. O outro, tem como resultado o bem estar geral, mas, acima de tudo, o seu objetivo não é dor e tampouco performance; e sim, o autoconhecimento.

No meu ponto de vista, embora não seja o objetivo trazer um aumento na performance para um indivíduo em relação às suas tarefas e trabalhos, podemos nos beneficiar bastante de algumas técnicas específicas, contidas neste grande corpo de conhecimento que é o Yoga.
Neste caso, deixando a maior parte de seu conteúdo de reflexão, e também espiritual, focamos em uma parte bastante especifica, que é: o que posso tirar de proveito de tudo aquilo que se refere à parte física do Yoga para ajudar nas coisas que preciso fazer no dia a dia?

Pense na sua profissão, ou no seu hobby. Como o Yoga se encaixa com tudo isto? Relembrando, que estamos apenas falando sobre algumas técnicas especificas.
Um atleta, normalmente, já sobrecarrega demais o próprio corpo com exaustivos treinos. Portanto, a prática de Yoga deve ser proposta, não para exigir ainda mais. Por outro lado, deve e pode ajudar na recuperação.

Vou citar aqui, apenas três técnicas, que já são bastante evidentes pra qualquer praticante de Yoga e que também podem ser aplicadas à atletas, mesmo que estes, não sejam, de fato, praticantes de Yoga.

Em primeiro lugar, podemos falar das posturas físicas, que são chamadas de ásanas. Não vamos falar sobre aquelas posturas complicadas que podem ser vistas em vídeos ou revistas. Vamos falar do “feijão com arroz”.

Uma prática física de Yoga trabalha algumas valências específicas do corpo: força, flexibilidade, estabilidade. As posturas sugeridas, normalmente são executadas com algum tempo de permanência (isometria). Isso permite que o indivíduo possa ajustar o corpo na postura, dentro das suas possibilidades. Sempre priorizando o alinhamento do corpo, de forma que sua musculatura seja trabalhada de forma intensa, porém, não violenta. E ao mesmo tempo, trazendo conforto e segurança para as articulações. Criando um equilíbrio nesta equação: força, flexibilidade e equilíbrio.

Estes trabalhos isométricos e de equilibrio, promovem com grande eficiência, a estabilização de articulações demasiadamente usadas, na corrida, por exemplo. Uma postura em pé, pode trazer uma grande conscientização de toda a musculatura e articulações  de membros inferiores. Ensinando ao atleta a proteger pontos mais frágeis do seu corpo e até mesmo a fortalece-los.

E por um outro lado, o trabalho de flexibilidade e alongamento, quase sempre deixado de lado pela maioria dos atletas, pode auxiliar no relaxamento do corpo. Na dissolução de pontos de tensão, que possuem grande potencial de se tornarem até mesmo lesões mais sérias.

Toda esta parte física da prática, nos conduz a um outro ponto interessante, que é sobre a forma de respirar.
A respiração é uma ação tão automática, que nunca paramos para reparar que ela está acontecendo, e ainda, como está acontecendo.
O hábito de respirar mal, de forma curta e superficial nos atrapalha bastante. Não temos fôlego para suportar uma atividade que demande grande oxigenação do corpo. E isso se revela na nossa dificuldade em conquistarmos uma maior resistência; seja para provas longas, ou até mesmo para sprints mais curtos. A frequência cardíaca fica bastante elevada, e ali, o atleta “quebra”.

Portanto, explorar as formas de respirar, deveria ser um exercício tão importante quanto a própria corrida. Dominar o movimento tanto do diafragma, quanto do abdome e entender aonde a respiração começa e termina, pode ser de grande ajuda.

E por ultimo, mas não menos importante, vamos falar sobre a mente. Sobre o emocional e a capacidade de transformar uma mente que tende a te sabotar em uma prova, em uma mente capaz de permanecer focada.
Isso envolve as duas técnicas faladas antes. Pense nisto como um exercício: você está se preparando para a sua corrida. Você tem um objetivo, e quer realiza-lo.  Partir daquele momento, você estabelece um compromisso consigo mesmo de que nada é mais importante que a sua corrida. Portanto, deixe da lado outros compromissos como trabalho, família, contas e etc. Agora é hora de correr!

Quando o teu foco está no presente, no caso, na corrida, certamente a sua atenção já está nos movimentos em que o seu corpo fará. Lembre-se das posturas que você fez na aula. Lembre-se que a cada dia, o seu corpo se apresenta de uma forma diferente; e se você quer o melhor dele (performance e segurança), adapte a corrida ao que é possível naquele dia. Principalmente se for um treino. Para que forçar?

A sua atenção também deve estar na respiração, de forma que o corpo suporte o esforço com a devida oxigenação. E também, para que não surjam aquelas dores desconfortáveis no abdome, devido à uma respiração inadequada.
Sem grandes esforços, já houve a transformação da mente, de um estado normalmente distraído para um estado de foco no objetivo.
Com estas três técnicas, muitas coisas podem ser transformadas na sua corrida.

Lembre-se: o Yoga não está focado no corpo, mas pode ajuda-lo. No Yoga, não há qualquer tipo de atitude exigente em relação a si mesmo. O que pode ser bem diferente da nossa atitude durante uma prova, já que o esporte pode ter este caráter.
Unir um pouco dos dois, talvez seja uma receita que te leve mais longe. Seja nos resultados que você busca ou numa vida atlética longeva.

Fica aqui o convite para a sua experiência. Boas práticas e boas corridas!

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