quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Fantasiado de yogi



E Kṛṣṇa já solta logo a real, logo no início do cap 3 da Gītā: "karmendriyāni samyamya ya āste manasā smaran | indriyārthāvimudhātmā mithyācāraḥ sa ucyate"

"Aquele que recolhendo seus órgãos de ação senta-se pensando nos objetos de seus desejos, é tido como aquele que está iludido, cujo comportamento é FALSO."

Este é o típico exemplo daqueles que se fantasiam de yogis. Aquele que cria impacto sobre as pessoas, porque sabe fazer cara de paisagem. Aquele que parece um renunciante perfeito. Livre de desejos. Mas que na verdade, não consegue ser honesto consigo mesmo. Não assumindo as suas agitações e anseios, oriundos de desejos reprimidos. Muitos destes "grandes yogis" acabam sendo flagrados se aproveitando das fraquezas de seus alunos; emocionalmente, financeiramente e, por vezes sexualmente. É só dar um google em vários nomes famosos, de todos os lugares, inclusive a Índia, para descobrí-los. Na era da internet, nada mais está escondido.
Há um entendimento muito ruim sobre a renúncia, quando se confunde o EU, que é sempre livre, e o ego, que diz: "agora eu renuncio." Neste caso, não há um entendimento do EU, que na verdade, não renuncia à coisa alguma; já que é livre da ação e seus resultados.
A renúncia pode se tornar um status: "eu renuncio a isto ou aquilo. Sou livre de desejos..."
Aquele que é de fato, livre dos desejos, não precisa anunciar isto ao mundo. Isto acontece para que as pessoas valorizem a "proeza" da renúncia. Este tipo de renúncia, de forma alguma significa conhecimento. Pelo contrário: significa a necessidade de reconhecimento, fama, dinheiro.
Naiṣkarmyam é o entendimento de que de fato eu nunca fiz nada. É aquele que, de fato, é livre dos desejos. E isso só é possível para aquele que tem o entendimento de aham brahman. Ou seja, de que eu sou aquele livre de limitações.
Portanto, para Kṛṣṇa, superior (yogi) é aquele que é sincero com a sua natureza individual. Este, não tem discrepância entre aquilo que faz e demonstra e aquilo que sente e pensa. Este consegue uma estabilidade para a mente essencial para o autoconhecimento. Enquanto aquele que se fantasia, se tortura, pois não pode externar o que sente de verdade. Trocando em miúdos, é melhor admitir as suas próprias limitações, do que fingir ser algo que você não é.

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